sábado, 21 de março de 2009

Cumprir a "praxe"!

Era o dia 12 de Abril de 1961. Fará, dentro de semanas, 48 anos. O cosmonauta Yuri Alexeyevich Gagarin, o eleito pela hierarquia militar soviética, tinha efectuado uma intensa preparação física, psicológica e emocional, nunca antes imaginada. Mas havia uma razão especial para isso. Pela primeira vez, um ser humano viajaria pelo espaço. Gagarin mantinha-se sereno, rosto frio e semblante carregado, sem sinais exteriores da complexa missão para a época. Desejava muito ser um herói da antiga URSS (actual Rússia).
Sai da gare para a pista, envolto no seu fato espacial, entra no pequeno autocarro e senta-se num dos primeiros bancos. A seu lado o director do voo e dois técnicos da missão. Sozinho no banco, alterou por completo a sua postura, até ali firme. Passa a demonstrar um ar inquieto, preocupado e intensamente nervoso. Já muito próximo do local de entrada para a nave, acoplada ao foguete lançador, é interpelado pelo director de voo e pediu que parassem de imediato a viatura. Imobilizada esta, Gagarin saiu de rompante, olha para todos os lados na pista e, descontraidamente, encostou-se ao rodado traseiro, abriu o fecho do fato e deixou verter incontidamente as suas "águas naturais".
Do interior da viatura um misto de espanto e risadas ajudaram a descontrair os minutos tensos.
- Que aconteceu, Gagarin? - atalhou o director do voo quando este regressa.
- A tensão e o nervosismo eram tantos que, de repente, não suportei a pressão das "águas" e com receio de não ter soluções na nave, durante as próximas 2 horas, resolvi deixá-las em terra...! Ah!ah!ah!ah!!!
Foi um momento de descompressão idóneo para a partida. Este dia 12/04/1961 ditou a concretização do primeiro sonho do homem através da nave Vostok 1. Mas também ficou na memória de todas as missões posteriores.
Os astronautas reconhecem esta "praxe" de cumprimento obrigatório.

Imagem: crédito NASA

sexta-feira, 20 de março de 2009

Obrigado Galileu!

Galileu aperfeiçoou a sua luneta e, um belo dia, em 07/01/1609, apontou-a para a Lua. Seguiram-se os planetas Vénus, Júpiter e Saturno. Descobriu novos mundos, revolucionou o Universo e lançou as primeiras bases da astronomia moderna. Sofreu na pele os custos dessa ousadia, mas desde então o homem não mais foi o mesmo neste planeta azul.
Procurou novos horizontes para além da sua visão terrestre e saiu fora do seu berço natural. Para tanto, reuniu um acervo científico nunca antes conseguido e prepara-se para abrir novas fronteiras. Comemorando os 400 anos do telescópio de Galileu, a ciência resolveu não só celebrar 2009 como o Ano Internacional da Astronomia (AIA2009), mas antes construiu novo telescópio - a actual missão Kepler - de avançada tecnologia que navega no espaço e permitirá lançar um novo olhar "mais de perto" sobre milhares de "sóis"(estrelas), na tentativa de descoberta de irmãos gémeos da Terra.
Como atrás se salientou, constitui uma ânsia incontornável e stressante dos astrónomos que, a todo o custo, pretendem saber se estamos ou não sós neste belo, imenso e complexo Universo.
Obrigado Galileu!
Fernando Góis
Imagem: crédito NASA

Procura de planetas gémeos da Terra!

A missão Kepler, em homenagem ao astrónomo alemão Kepler, Johann (1571-1630), que deu a conhecer as três leis geométricas onde concluiu que as órbitas dos planetas eram elipses e não circulares, foi lançada para o espaço no transacto dia 6/03/09.
Tem como objectivos:
1. Conhecer com exactidão quantos planetas, dos vários tipos, existem nas proximidades da região habitável de um amplo espectro variável de estrelas;
2. Determinar o tamanho das órbitas desses planetas;
3. Estimar quantos planetas existem em sistemas de múltiplas estrelas;
4. Determinar o tamanho e o tipo da órbita, brilho, tamanho, massa e densidade dos planetas gigantes de período curto;
5. Identificar membros adicionais a cada descoberta de um sistema planetário, fazendo o uso de outras técnicas;
6. Conhecer com rigor as propriedades das estrelas que hospedam sistemas planetários;
A ânsia dos astrónomos, astrobiólogos e cientistas, encurta-se no espaço e aumenta de tensão, face ao arrojado projecto que só estava previsto para daqui a uns 10 anos. A ciencia do espaço desenvolve-se ao ritmo do segundo e os terrestres beneficiam dia a dia das descobertas e avanços de novas tecnologias que suportam essas missões.
O método indirecto de descobrir e seguir planetas fora do nosso sistema solar ficou desde já desactualizado. A água e os outros componentes da vida terrestre são os elementos alvo para os olhos destas sondas.
Os irmãos gémeos da Terra seguem dentro de momentos!