Era o dia 12 de Abril de 1961. Fará, dentro de semanas, 48 anos. O cosmonauta Yuri Alexeyevich Gagarin, o eleito pela hierarquia militar soviética, tinha efectuado uma intensa preparação física, psicológica e emocional, nunca antes imaginada. Mas havia uma razão especial para isso. Pela primeira vez, um ser humano viajaria pelo espaço. Gagarin mantinha-se sereno, rosto frio e semblante carregado, sem sinais exteriores da complexa missão para a época. Desejava muito ser um herói da antiga URSS (actual Rússia).
Sai da gare para a pista, envolto no seu fato espacial, entra no pequeno autocarro e senta-se num dos primeiros bancos. A seu lado o director do voo e dois técnicos da missão. Sozinho no banco, alterou por completo a sua postura, até ali firme. Passa a demonstrar um ar inquieto, preocupado e intensamente nervoso. Já muito próximo do local de entrada para a nave, acoplada ao foguete lançador, é interpelado pelo director de voo e pediu que parassem de imediato a viatura. Imobilizada esta, Gagarin saiu de rompante, olha para todos os lados na pista e, descontraidamente, encostou-se ao rodado traseiro, abriu o fecho do fato e deixou verter incontidamente as suas "águas naturais".
Do interior da viatura um misto de espanto e risadas ajudaram a descontrair os minutos tensos.
Do interior da viatura um misto de espanto e risadas ajudaram a descontrair os minutos tensos.
- Que aconteceu, Gagarin? - atalhou o director do voo quando este regressa.
- A tensão e o nervosismo eram tantos que, de repente, não suportei a pressão das "águas" e com receio de não ter soluções na nave, durante as próximas 2 horas, resolvi deixá-las em terra...! Ah!ah!ah!ah!!!
Foi um momento de descompressão idóneo para a partida. Este dia 12/04/1961 ditou a concretização do primeiro sonho do homem através da nave Vostok 1. Mas também ficou na memória de todas as missões posteriores.
Os astronautas reconhecem esta "praxe" de cumprimento obrigatório.
Imagem: crédito NASA