A convicção da existência de vida noutros sistemas solares, obriga-nos a desenhar algumas conjecturas em eventuais contactos. Precisamos é de um caso prático que nos coloque perante a realidade e para isso aguardamos pelos tão ansiados sinais. Stephen Hawking foi muito prudente. Alertou que deveríamos ser cautelosos na emissão de mensagens para o exterior e que devemos estar psicologicamente bem preparados para esses possíveis contactos. As razões desenvolvidas implicam outras questões que podem ter reflexos à escala planetária e não apenas de um povo. Vejamos. Haverá mesmo necessidade de nos manifestarmos já emitindo mensagens para o espaço, correndo o risco de revelar a nossa posição na galáxia? E se elas caírem em más mãos? Já imaginámos se alguns estão na fase de uma grande pressão pela busca de recursos que os levem a uma visita agressiva e conflituosa? Como reagiremos?.
Todas estas questões vão sendo estudadas por equipas multidisciplinares e especialistas do grupo SETI, caso de David Brin e Douglas Vakoch. O primeiro é partidário de iniciativas de contacto mais intensas, pois até aqui não radiografámos mais do que uma minúscula porção da galáxia, enquanto Vakoch é adepto da prudência, defendendo que devemos primeiro aprender a escutar e perscrutar o espaço, antes de grandes iniciativas no sentido de dar a conhecer a nossa posição, colocando-nos em riscos imprevisíveis.
Mas há optimistas que comungam de outro modelo diferente. Jill Tarter, uma cientista americana, figura de proa nestas investigações, afirma, com convicção, que o contacto com uma civilização extraterrestre avançada será benéfica para a humanidade. Mais do que a sua tecnologia e respectiva longevidade é a sua inteligência com que nós teremos muito a aprender. Suportam esse optimismo nas palavras de Albert Harrison, psicólogo especialista na área, quando refere que “as sondagens até hoje realizadas mostram que a maior parte das pessoas vêem os extraterrestres como seres pacíficos e amistosos”. Outras opiniões divergem e afirmam, com toda a convicção, que “uma civilização mais avançada que a nossa terá todas as chances de ser um superpredador, pelo que em nome do princípio da precaução cessem de enviar mensagens para o espaço” (Fonte: Ciel et Espace, Julho 2010).
Para reforçar essa tese, Jill Tarter e Ivan Almar, outro cientista, em 2000 conceberam um instrumento designado por “Escala de Rio”, destinado a quantificar a importância de um contacto extraterrestre. A detecção de um frágil sinal emitido a partir de outra galáxia não terá o mesmo impacto nas nossas sociedades quanto uma mensagem especificamente dirigida à Terra a partir de uma estrela próxima de nós. Criaram, assim, essa escala universal que utiliza três variáveis: tipo de contacto, método da descoberta e distância donde partiu a comunicação. Graduada em dez unidades, inicia-se pelo valor 3, o mais baixo, e finaliza com 13, o máximo da escala, medindo as consequências para nós de uma tal descoberta, sendo assim ponderada para sua credibilidade.
Conforme ideia da maior parte do grupo de investigadores do SETI, deveria definir-se um protocolo de consenso geral perante a recepção de comunicações do espaço. Este órgão definiu que, perante casos desses, seja estipulado que toda a resposta a emitir pressupõe sempre uma consulta a nível mundial. David Brin vai mais longe. Propõe não só uma moratória imediata de envio de mensagens para o espaço, como o controlo publico das mesmas para evitar riscos irreparáveis para as populações terrestres. A recusa desse cumprimento implica a demissão das funções para o grupo, dado o grau de importância planetária e civilizacional em causa. Trabalhar em sintonia com organismos internacionais, é um elemento chave para o futuro do planeta, tais como a UAI (União Astronómica Internacional), a AIA (Academia Internacional de Astronáutica) e as Nações Unidas.
Aliás, estas regras, muito rígidas, já estão previstas desde 1989 numa Declaração de princípios relativos às actividades subsequentes à detecção de mensagens de inteligências extraterrestres.
Imagem: crédito NASA.